SOB CUSTÓDIA - O Clássico das Religiões

A América do Sul sempre precisou, quando o assunto é o esporte bretão amado por todos, de um clássico entre duas grandes equipes de diferentes países. Ainda que exista uma enorme rivalidade entre uruguaios e argentinos, nós brasileiros (que só passamos a respeitar as competições continentais nas últimas duas décadas) ficamos órfãos de um jogo internacional de grandes proporções, que pare não apenas o Brasil, mas o outro país em questão.

Grêmio, Palmeiras e Santos não foram páreos para o espetacular Boca dos anos 2000 e acabaram tornando o futebol brasileiro motivo de chacotas para nossos hermanos do prata. O Fluminense, única equipe brasileira capaz de enfrentar os xeneizes, não possuía a tradição necessária em competições sul americanas para que o confronto se configurasse um clássico. Peñarol, Nacional do Uruguai, River Plate, Libertad e Olímpia infelizmente não conseguiram montar grandes equipes nas últimas décadas que conseguissem rivalizar com o investimento brasileiro.

Eis que o Corinthians surge, calejado pelo sofrimento e necessitando com urgência do título da Libertadores. O Timão vence a principal competição do continente de forma invicta, esmagando adversários de peso e despachando na final o até então temido Boca Juniors, em uma partida carregada de provocação, catimba e experiência de ambos os lados.

Por uma ocasião do destino, a final da Copa Libertadores do ano passado se repetirá logo nas oitavas de final deste ano, fazendo com que o tão esperado clássico sul americano possa estar se desenhando finalmente. A imprensa brasileira e a argentina dão destaque monumental ao jogo, enquanto as duas equipes mostram muito respeito, mas não deixam de destacar a vontade de vencer a peleja.

O Boca, mesmo enfraquecido, tentará o troco, enquanto o Corinthians poderá pavimentar o caminho para o Bi, novamente atropelando a equipe azul e amarela. Dois gigantes, dois times das camadas populares, duas marcas monstruosas, duas religiões.

Boca e Corinthians, Corinthians e Boca. Precisa dizer mais alguma coisa?