SOB CUSTÓDIA - Pouco Inteligente, Muito Conveniente

17/04/2013 22:05


Ao se anunciar oficialmente o Brasil como país sede da Copa Do Mundo de 2014, um mundo de possibilidades se abriu para o desenvolvimento da nação. Sim, ao contrário do que pensam muitos dos “gênios” que acham que a Copa só servirá para construir estádio, receber gringo e sediar meia dúzia de jogos, a competição organizada pela FIFA tem um caráter social e econômico para o país que recebe um dos eventos esportivos mais assistidos do Planeta Terra.

Junto da possibilidade de se modernizar o futebol brasileiro, construir mais estádios e reeducar o torcedor, também era esperado, acima de tudo, um legado para as cidades que irão receber jogos da Copa.

Obras de mobilidade urbana precisam ser urgentemente feitas e, ao que parecia, o momento ideal para construí-las seria junto com as obras do torneio. São Paulo e Rio ganhariam meia dúzia de novas linhas do metrô. Porto Alegre, Curitiba, Recife, Cuiabá e Manaus também teriam modernizações significativas no sistema de transporte férreo.

Não seria nada absurdo suplicar ao Estado, linhas férreas decentes que pudessem ligar com qualidade e competência Rio, Porto Alegre, São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte. Ou, quem sabe, um projeto audacioso que interligasse todas as cidades-sede em uma mesma linha.

A Copa é ano que vem e, já é fato, não teremos legado algum. Não existirão obras suficientemente significativas no setor de mobilidade urbana. Os organizadores esperam solucionar o problema do trânsito decretando feriado nos dias de jogos do Brasil. Depois da Copa, vida que segue.

Este fato é triste, revoltante, mas não é novidade. Diversas vezes o Brasil teve a oportunidade de investir em boas ferrovias ao invés de saturar o país de malhas rodoviárias perigosas e superfaturadas.

O problema é que, nos governos que passaram, desde Dom Pedro, Vargas ou Ditadura Militar, sempre se preferiu o caminho mais difícil. Os milicos fizeram acordos com montadoras estrangeiras que praticamente sepultaram o desenvolvimento ferroviário. Investiu-se em rodovias para tornar extremamente necessário o carro importado.

Agora que o governo teria a oportunidade de superar este atraso, investindo em um transporte mais competente, mais prático e de acesso mais democrático, optou-se por virar as costas, ignorar o problema e tapar o Sol com a peneira.

E olha que este é apenas um ponto pequenininho do que a Copa no Brasil poderia representar, mas acabará não fazendo.

As ferrovias estão mortas no Brasil. Conveniente para quem sai ganhando. Pouquíssimo inteligente do ponto de vista do desenvolvimento de nossa infraestrutura. Nenhuma novidade.